quinta-feira, 21 de maio de 2015

OS DIÁLOGOS

Estive lendo Álvares de Azevedo e Ernest Hemingway (livros de contos que estavam na estante há anos, quase esquecidos) e descobri que sou mesmo neurótica pela correta indicação de quem fala nos diálogos. É um cuidado que eu sempre tenho e que recomendo a outros escritores, e que eles, autores consagrados, não têm. Como os famosos e imortais são eles, a errada devo ser eu, por me preocupar com um detalhe com que os grandes figurões não se preocupam.
Bem, chamar de neurose deve ser exagerado porque eu tenho motivos muito justos e racionais para desejar sempre saber quem está falando: para mim, cada personagem tem uma voz e um modo de falar particular e, se eu não souber quem está falando, não posso atribuir essas características àquela frase. E ler todas as frases com a mesma voz é realmente maçante.

Achei Hemingway brilhante na narrativa. Ele descreve, ele envolve, ele cativa. Mas achei os diálogos fracos e vazios. Achei que não acrescentaram nada à história e que, talvez, textos apenas narrativos poderiam ter sido mais agradáveis de se ler (isso porque adoro ler diálogos). Eu lia os diálogos e pensava “e daí? Para que essa personagem disse isso? O que essa fala esclareceu ou valorizou?” E aí meio que entendo porque muitas pessoas elogiam os diálogos das minhas personagens: eles me ajudam a construir a caracterização das personagens e trazem informações importantes sobre a visão de mundo daquela personagem e, por extensão, da época em que a personagem vive. Meus diálogos têm emoção, têm drama, têm conflitos; é nos diálogos que a relação humana acontece. E eu gosto disso. Então acho que vou continuar neurótica nesse aspecto.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

NOVIDADES DE PROCESSO CRIATIVO

Pela primeira vez estou inventando uma história dividida em partes, que no final formação livros independentes. Eu não tinha noção de como é esse processo e estou descobrindo que, diferente do que eu pensava que seria, eu não vou criar todo o livro 1 primeiro, para depois me dedicar ao livro 2 e só então detalhar o livro 3. Como é uma história só, ela acontece toda ao mesmo tempo na minha cabeça. Eu até tento detalhar mais as cenas do livro 1 mas muitas vezes me pego detalhando cenas inteiras do livro 3 que, se tudo correr conforme o planejado, eu só vou escrever em 2017.
Além dos detalhes da ação, vou construindo os detalhes de caracterização das personagens. Rodrigo deve ser alto ou baixo? Tipo rebelde ou comportado? Gosta de rock, funk, pop ou música clássica? Torce para qual time de futebol? Como adolescente e púbere que é, deve ter espinhas nas bochechas? Cada escolha dessas me abre um leque de comportamentos e falas possíveis para usar e eu, na verdade, gosto de experimentar todos eles antes de me decidir por algum.

E assim vou, experimentando e detalhando devagar, construindo personalidades e recriando o mundo em que Rodrigo e Ângela vão viver e se encontrar.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

RELACIONAMENTO

Estou num momento interessante de meu relacionamento com Toni. A história está guardada, lacrada numa caixa de arquivo e meu compromisso é só reler depois de 1/11/2015 (um ano depois que acabei de escrever). Mas, se posso evitar ler, é claro que não posso evitar lembrar. Então, volta e meia me pego revendo cenas que fiz, lembrando de gestos e falas, e sentindo saudades das personagens com quem convivi por três anos e cinco meses: Luigi, Raquel, Ricardo, Letícia, Dona Luizinha, Rosa e, naturalmente, Toni.

Tenho muita satisfação em lembrar. Fico com a sensação de que fiz direito, de que o texto realmente ficou bom. E o melhor é a certeza de que a saudade vai ter fim. E que, depois de 1/11/2015, eu poderei ler tudo sempre que quiser.

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Um pouco sobre mim

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Mestre em História e Crítica da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dedica-se à literatura desde 1985, escrevendo principalmente romances. É Membro Correspondente da Academia Brasileira de Poesia - Casa Raul de Leoni desde 1998 e Membro Titular da Academia de Letras de Vassouras desde 1999. Publicou oito romances, além de contos e poesias em antologias. Desde junho de 2009 publica em seu blog textos sobre seu processo de criação e escrita, e curiosidades sobre suas histórias. Em 2015, uniu-se a mais 10 escritores e juntos formaram o canal Apologia das Letras, no Youtube, para falar de assuntos relacionados à literatura.

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