terça-feira, 1 de março de 2011

LEITMOTIVEN

Ontem reli o último capítulo de uma das minhas histórias de final trágico, em que a personagem principal morre no final. Chorei com lágrimas e soluços, como quem perde a pessoa mais importante em sua vida. É verdade que também chorei muito quanto escrevi, mas já foi há tanto tempo que eu acreditava que o vínculo estivesse mais tênue, e eu fosse me entristecer com lágrimas apenas, não com choro convulsivo. Minha reação emocional significa que a história ainda me agrada, pois reagi como gostaria que os leitores reagissem. Percebi que isso aconteceu não porque ainda estou envolvida emocionalmente com a história e as personagens, mas porque usei corretamente os leitmotiven para trazer de volta à lembrança do leitor certos momentos significativos do passado das personagens.

Leitmotif é uma palavra em alemão que significa “motivo condutor”. O grande nome do leitmotif na música erudita é Wilhelm Richard Wagner (1813-1883). Ele criava motivos musicais (por exemplo, trechos melódicos) para representar suas personagens e temas importantes dos dramas musicais que escrevia. Então, se a personagem está se referindo, por exemplo, ao ouro do Reno, a orquestra ou o próprio cantor estará repetindo o motivo musical (leitmotif) que se refere ao ouro do Reno.

Na minha história, nesse último capítulo, as personagens repetem falas passadas, que se referem a outros momentos, felizes e infelizes da vida de todos eles, fazendo o leitor lembrar do passado, em confronto com o presente, e construindo assim o sentimento de tristeza e perda que eu quero provocar. É um capítulo que retoma o passado e projeta o futuro, sem perder de vista a realidade trágica do presente. Acho que consegui amarrar todas as pontas que ainda estavam soltas, resolvendo, pelo menos em termos de expectativa, a vida de todas as personagens que ficaram. A última palavra do livro é “morte”, porque esse é o fim inexorável de todos nós, habitantes de corpos frágeis feitos de matéria orgânica sujeita à degeneração.

Um comentário:

  1. Bom, minha literatura é simples são crônicas, então eu nao tenho uma maneira de terminprocuro o meu leitmotif nas próprias pessoas, afinal e disto que a crônica mais trata, cotidiano das pessoas, suas aflições, situações engraçadas, mas de fato, concordo com vc. no fundo é necessário saber a familiaridade com o texto , personagem, enfim, tudo é necessário ser analisado para um possível final.

    Eu estou começando ainda a escrever, escrevo há 4, 5 anos por ai... e pretendo lançar meu primeiro livro, uma produção independente ainda este ano, tenho um blog, se quiser visitar, mesmo que seja para críticas, eu aceito críticas, elas me fazem crescer, aprender mais, melhorar, pois sei que escrever não é fácil, exige muita dedicação e eu estou tentando criar o meu caminho nesse mundo literário e seria muito bacana vc. dar uma passadinha lá:

    http://pequenosdeleites.blogspot.com/

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Mestre em História e Crítica da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dedica-se à literatura desde 1985, escrevendo principalmente romances. É Membro Correspondente da Academia Brasileira de Poesia - Casa Raul de Leoni desde 1998 e Membro Titular da Academia de Letras de Vassouras desde 1999. Publicou oito romances, além de contos e poesias em antologias. Desde junho de 2009 publica em seu blog textos sobre seu processo de criação e escrita, e curiosidades sobre suas histórias. Em 2015, uniu-se a mais 10 escritores e juntos formaram o canal Apologia das Letras, no Youtube, para falar de assuntos relacionados à literatura.

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